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É sabido que para uma gaja boa não há crises…
Já todos vimos em filmes ou lemos em romances estórias de gajas boas em períodos de grandes crises, guerras, invasões, etc.. e elas, se cumprirem a regra básica (já vamos ver qual é), safam-se sempre.
O namorado vai para longe, para a guerra, e a gaja boa começa a circular entre as nossas tropas e os aliados, não lhe faltando nada. Mesmo em tempos de falta generalizada de tudo e mais alguma coisa a gaja não passa nenhuma necessidade e dorme sempre no quentinho…
Se a guerra ou revolução ou invasão ou lá o que for, der para o torto e o inimigo ocupar os terrenos onde a gaja circula, lá a teremos a confraternizar com os militares inimigos, comendo do bom e do melhor, bebendo champanhe, fumando tabaco estrangeiro e usando meias de seda.
Quando, eventualmente, a coisa volta ao princípio e o inimigo acaba por ser escorraçado, lá temos de novo a gaja boa a festejar a “libertação” com as nossas patrióticas tropas e, mais uma vez, a comer do melhor e a beber de colheitas religiosamente escondidas e guardadas para serem bebidas nestas ocasiões tão importantes.
Mais tarde chega o “noivo”, prisioneiro de guerra finalmente devolvido à liberdade, escanzelado e doente, que fica assarapantado ao vê-la assim tão saudável, tão boa e tão luzidia… Fica logo desconfiado, o nosso regressado herói… E ainda nem teve oportunidade de verificar como ela está “lanceirinha”, como aquele motor de arranque se encontra bem lubrificado e a trabalhar certinho como um motor Rabor (como se dizia antigamente…).
É aqui que entra a tal Regra Básica. Que é só uma e tem de ser impreterivelmente cumprida. E de que é que consta?
É simples: logo que começa a confusão e logo que o “noivo” (ou correlativo) é mobilizado, a gaja boa tem de se pirar de imediato da terrinha onde vive e não pode lá voltar até ao final das hostilidades (nem no Natal!...).
Vai viver ( e vai viver bem…) para, pelo menos a
O cumprimento desta regra impede, por exemplo, que seja vista a confraternizar com a soldadesca aliada ou inimiga, consoante os “timings”, o que lhe poderia render uma carecada, alcatrão na mona e cobertura de penas, no mínimo.
Passemos agora à parte final ( e mais difícil): como explicar ao desconfiado mânfio o bom aspecto, a perfeita rodagem, a cuidada pele e as macias mãozinhas, no meio de tanta desgraça, tanta fome, tantas mãos calejadas, tanta magreza?
É altura de apelar ao “filme” do convento. A gaja tem então de contar que se refugiou num convento e por lá se encontrava quando o inimigo o invadiu e ela foi sequestrada e posta ao serviço (todo…) do horrível comandante. A gaja deve ser capaz de chorar nesta altura… Então, mesmo não lhe faltando nada, só descansa quando envenena o galfarro e logo a seguir tem de fugir. Por sorte, nesta altura, os inimigos são postos em debandada e ela regressou à terrinha.
Só pode “contar” isto (é a Regra Básica…). Deve demonstrar muito medo que se saiba onde era o convento (pudera!...) mas dirá sempre que é por causa de temer represálias ou até de ter de ir a tribunal por causa do homicídio. Se se esgotarem os argumentos dirá então que com a madre superiora agonizante no seu colo, lhe fez um juramento de guardar silêncio sobre tudo o que diga respeito ao convento, ao que lá se passou e ao veneno utilizado.
Se conseguir manter este “segredo” está safa a gaja boa… E acaba por sair a sorte grande ao desgraçado do enfezado noivo (vendo bem até que merecida…):
no meio da desgraça geral, fica com a gaja boa, ainda por cima bem rodada e a funcionar em beleza, acaba por beneficiar dos bens materiais que a gaja boa acumulou e ninguém lhe vai apontar um dedo, porque ninguém sabe da missa a metade (perdão a centésima parte…).
E aí temos como uma gaja boa passa por uma crise sem “entrar em crise”…
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