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Aqui há já um bom par de anos, era eu miúdo, houve uma reunião em casa e uma tia minha a que por acaso assisti em parte e de que nunca mais me esqueço. Uma pequena cidade perto do Porto. Um belo dia de sol e a coisa até que começou bem. Eram várias senhoras bem postas, com amigas comuns, mas que, pelo visto, não se conheciam todas umas às outras. Ao que me lembro parece que o objectivo era uma demonstração de tupperwares durante um lanche à maneira, para depois cada uma comprar lá as caixinhas de plástico com um bom desconto. A situação começou a deteriorar-se quando duas das presentes, amigas íntimas, começaram aos segredinhos uma à outra e aos risinhos. Mais tarde ouvi comentários da minha tia com outra e aos bocadinhos consegui reconstituir o fio dos acontecimentos. O que se passou foi que estavam lá duas e logo das mais convencidas, ambas casadas e que, pelo visto, tinham um amante comum mas sem o saberem. Terras relativamente pequenas é o dá. Tudo se sabe. As duas dos risinhos não descansaram enquanto não puxaram a conversa de que os tempos estavam a mudar e que agora os maridos já não eram os últimos a saber!... Eram as mulheres casadas e não acerca dos maridos... mas sobre as vidas dos namorados... Claro que, diziam isto, olhavam para as tais do amante comum e riam-se cada vez mais descaradamente. A certa altura uma delas não pôde mais e disse mesmo o nome do tal artista. Não contente com isso acrescentou logo a seguir que havia ali dois corações partidos e ria-se a bandeiras despregadas. A coisa tinha mesmo de dar para o torto. E deu. Ninguém, mais tarde, foi capaz de explicar como é que a situação se agravou mas o facto é que até a terrina do cup acabou por aterrar na cabeça da vizinha da minha tia que, por azar, até era a mais velhota das presentes e a mais educada e contida. Mas eu assisti à parte final do pandemónio, vi a cena da terrina do cup e ouvi claramente a velhota a largar um foda-se inconfundível. Aquilo marcou-me para o resto da minha vida! Pensava eu que uma respeitável velhota, de comunhão quase diária, não dizia palavrões. Afinal era só aparecer a situação e os valores mudavam.... Foda-se , digo eu. Puta que pariu a velhota. Acho que foi por aí que começou a acabar a minha infância. Fiquei chateado. Claro que fiquei chateado. Ainda hoje estou e já lá vão mais de quarenta anos...
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